Visualise uma família equilibrada, que possui os bens comuns de uma sociedade moderna (carro, moto, eletrodomésticos e moveis comuns do lar). Uma casa modesta mas, que sempre teve seu celeiro cheio. Filhos estudando, trabalhando, casando-se, vestindo-se... Seu patrimônio, principalmente terras, provindo de seus antepassados que sempre viveram naquela região. Geração de pessoas de renome, onde terras cultivadas é a essência da vida deles. Entretanto, seu maior valor, patrimônio eterno, também passado de pais para filhos, têm em comum a fé no filho de Deus. Alguns cultivando seus cultos familiares e de casa em casa partiam o pão, outros, compartilhando sua amizades, irmandade e comunhão em suas denominações. Famílias onde a estabilidade e a segurança nada podia abalar seu presente e jamais pensariam que a calamidade os abateriam no futuro.
Assim eram os cristãos de Kandamal. Uma sociedade produtiva e rica, comparada aos padrões da maioria das populações de aldeias e de cidades pequenas. Eram os nobres da terra e os intelectuais. Eram diferenciados por seus padrões morais, invejados por serem prósperos e também odiados por cultuarem um único Deus.
Seus pastores, homens consagrados e fervorosos. Admirados por suas retórica, líderes influenciadores, carismáticos e de boa reputação. Moravam na região mais evangelizada de Orissa. Era comum grandes cruzadas com 5, 10, 20 mil pessoas. Diante destas multidões, nos palanques, rádios e tv local, ostentavam suas medalhas e o estrelato de seus uniformes. Para as ovelhas comuns, alguns acessíveis, outros, bastante ocupados e de difícil acesso. Como senhores feudais eram os coronéis cristãos em seus “limites tribal”. Longe de mim julgar suas motivações mas, sem nenhuma excessão, todos trabalhavam, "cada um na sua visão", o motivo era a expanção do Reino de Deus. Projetos de construções estavam em andamento, espaços cada vez maior na rádio e TV.
Repentinamente o chão fugiu de seus pés, atônitos, sentaram no pó e na cinza. Emudecidos, seus largos sorrisos tornaram em pranto. Saídos do meio do fogo, suas vestes ainda cheiram fumaça.
Assim, o inferno mudou de endereço, seus portais foram abertos e 55 mil cristãos foram cirandados, abatidos e mutilados. Foi talvez o pior ataque promovido contra a Igreja nos tempos modermos. Não há aqui espaço para detalhes mas, foi uma perseguição onde mais de 100 mil hindus, em uma sequência e ordem cronológica que parece não ter lógica, inspirados e comandados por líderes políticos e religiosos. A fúria de Satanás, usando a vida destes homens, foi tamanha e tão bem orquestrada que, ainda hoje, não há explicação pelo êxito e dimensão.
Sessenta e cinco irmãos morreram de imediato, outros morreram dias ou meses depois, devido os ferimentos. Todas suas casas foram destruídas, mataram todos os animais, queimaram seus campos e seus celeiros. Seus bens foram saqueados, as escolas cristã destruídas, seminários e pequenas ou grandes Igrejas levadas ao chão. Os jovens cristãos foram proibidos de entrar nas escolas, perderam seus empregos, suas motos e carros foram destruídos. Até orfanato, com duas crianças que não conseguiu sair a tempo, morreram queimadas.
Devido a falta de segurança e conselhos de “bons hindus”, não nos foi possível entrar para o mais interior da região. Mas, o pouco que vimos era de arrepiar o coração. Mais de 200 aldeias foram afetadas e algumas milhares de casas; na filmagem que temos, vemos aldeias inteiras em chamas.
Estivemos num acampamento improvisado pelo governo, onde havia uns 5 mil, restaram apenas uns 400. São 15 acampamentos destes onde tem ainda umas 5 mil pessoas. Não há energia elétrica, comida regular, banheiros, água potável, médicos, remédios, hospitais e nem lenha para cozinhar. É fácil estas famílias retornarem para suas aldeias e suas terras, apenas devem negar a Cristo e refazerem o batismo de retorno ao hinduísmo. A questão ficou tão grave que, agora é uma questão de honra todos em cada aldeia não permitir seus retornos, a não ser negando a Cristo. Estou aqui ao meio de uma grande celebração aos ídolos: O primeiro ano da vitória dos hindus contra os cristãos.
Quem imaginaria que a calamidade os abateriam de súbito; onde havia paz e prosperidade veio repentina destruíção. Será que foram abatidos por serem mais pecadores do que o “Israel” do Brasil? Todos são unâmines em dizer que levar Jesus a outras tribos e região na Índia não faziam parte de suas vidas. Todos são frutos de vidas que se deram para missões, existem aqui vários túmulos destes heróis da fé. Entretando, viviam na delícia do mel, do vinho, da gordura, da manteiga e do leite das ovelhas. Nenhuma atitude sacrificial, não lançaram novos fundamentos e nem fizeram amigos os quais os poderiam servir agora e depois serem recebidos com júbilo nos tabernáculos eternos. Agora, abatidos, seus rebanhos foram dispersos. Até o martelo, a pá e a enxada, usados nas ampliações dos “templos”, foram roubados e toda “torre de Babel”, abandonada, é agora refúgio de animais do campo. Dispersos, cada qual fala uma diferente língua; estão espalhados por varias partes da Índia.
Sentados à “beira do caminho”, buscam desesperadamente ajuda. Muitas, ovelhas e pastores estão doentes. As favelas nos arredores da capital, Bhubaneshwar, com seus novos moradores, é um rolo compressor encrostado de mais e mais miséria. Por algumas vezes me reuní com grupos destes pastores, todos morando de favor, compartilham um quarto para duas famílias e não têem dinheiro nem para pagar este aluguel.
Nunca a Igreja de Atos foi tanto missionária como nos dias de perseguição; não acredito que foi punição de Deus. Nunca a Igreja de Orissa falou tanto ao mundo como nestes dias de perseguição; não entendo como um castigo de Deus. Mas, todos nós pagaremos um certo preço por permanecermos no nosso casulo. Não cumprir o IDE que Jesus nos ordenou é negligência, é omissão de socorro e desobediência. Então Deus será obrigado a nos levar “ao deserto” e ali, cada qual em sua “caverna”, ouvirá a voz de Deus no coração. Isto também é amor.
Pela graça de Deus, a Igreja que está em BH, liderada pelo José Maria e o Carlos, foi levantada pelo Espírito Santo para abençoar nossos irmãos de Orissa. Centenas estão sendo assistidos medicalmente. Quarenta jovens, filhos destas famílias estarão a partir da segunda semana de Setembro sendo discipulados, treinados por um determinado tempo e depois enviados como missionários para algumas terras onde Jesus não é conhecido. Aquilo que seus pais não fizeram, estão comprometidos em fazer: Levar Jesus onde ele não é conhecido. Está é a genuína face do verdadeiro adorador; a nova geração de apóstolos e profetas. Ainda há tempo de cantar e adorar fora dos muros de Jerusalém. O deserto nos espera, levados pelo vento do Espírito, ou, chorando em nossas cavernas. “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Mc. 16:15.
Robson Oliveira
Bradesco
Ag. 2212 / 8
C/C: 3404 / 5
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