Que noite nostálgica! No silêncio, muitas perguntas.
Apos viajarmos 1 hora por uma boa estrada, entramos numa estrada ruim que dava acesso a algumas aldeias. Trinta minutos depois avistamos o nosso alvo. Mas, não havia como chegar com o carro e equipamentos. A solução foi entrar pelos campos e com as mãos ajudar a remover torrões, abrir caminhos improvisados, descer e subir lugares íngremes e acreditar no nosso valente “cavalo de aço”. Esta não era a nossa primeira aventura em fazer caminhos e pela graça de Deus, apesar de muitos perigos, não sofremos graves acidentes.
Chegamos. A noite estava muito quente e suávamos muito. De repente vimos tantas crianças que era difícil acreditar que pertenciam apenas aquela pequena aldeia. As pessoas pareciam ter vergonha de nós, não se aproximavam. Era 6:30 da noite e muitos estavam estirados em camas feita de cordas, esteiras, outros dormindo em chão batido. Todos estes estavam doentes; soubemos disto quando fomos orar por alguns.
Eram em extremo pobres, magérrimos, doentes, seminus, todos analfabetos, pareciam terem saído dum campo de concentração (note bem nas fotos). Ao darmos inicio ao filme ninguém sentou-se nas lonas que estiramos em frente ao telão. Apesar dos nossos apelos poucos vieram a frente, preferindo ficar assentados mais ao longe. Eram uns 300. O silêncio era total, e muito lentamente notei alguns tímidos sorrisos. Perto do final pareciam descontraídos e comentavam alguns episódios do filme.
Perguntei aos obreiros:
- Quantas oportunidades este povo teve de ouvir estas Boas Novas?
Ramesch foi enfático:
- Nunca antes ouviram falar de Jesus.
Perguntei novamente:
- Na sua avaliação, quantas vezes mais eles terão esta oportunidade de ouvir através de outros?
- Por certo irmão Robson, esta foi a primeira e será a última.
Sentei-me ao longe, tirei algumas fotos. Senti um pouco confuso, triste, frustrado por não poder dar seguimento aquele trabalho. Pois, tínhamos diante de nós outras 12 aldeias que esperavam ansiosamente pela nossa chegada.
Chamei num canto o meu amigo e disse-lhe: “Concordo com o que você disse, então temos que pregar abertamente, desafiá-los a aceitar a Cristo e crermos que o Espírito Santo cuidará deles”. Concluí repetindo o que está escrito em Rm 10:9,10,13: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentro os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Ramesch deu um sorriso de satisfação sabendo que para serem salvos não precisavam saber ler, nem serem conhecedores da Bíblia e, se outros não fossem ali novamente a decisão deles seria selada pela fé. Aquele seria o dia de muitos, único e histórico, que ecoaria por toda eternidade.
O suor que ensopava minha camisa e os malditos mosquitos que só escolhiam a mim para picar e perturbar, não foi capaz de tirar o meu intenso gozo no Senhor. Me revesti da alegria do senhor e de um profundo privilégio de ser um canal, uma ponte da graça e da misericórdia de Deus, para novos herdeiros do reino celestial.
Nas palavras finais, Ramesch os desafiou em aceitar, ou não, a mensagem da Cruz, foi exposto diante deles e, pela graça de Deus, minha dúvida é saber de alguém não O aceitou em seus corações.
Apesar de tanta pobreza, a generosidade que algumas destas famílias nos evidenciaram, foi em extremo abundante. Nos oferecerem o que tinham de melhor para comer; muito provável, aquela era uma oferta da viúva pobre. Com isto Deus foi glorificado em louvor e ações de graças.
No domingo que se seguiu alguns desta aldeias, levaram 2 horas para o encontro de todos os domingos na Igreja de Bodtgaya.
Dali, fomos em outras 12 aldeias, num arrastão de 12 dias seguidos.
Vi brigas de três líderes que disputavam no “berro”, onde o filme “Jesus” seria passado, cada um brigando por seu povo. Vi grupo de mulheres chorando quando Jesus foi levado para Cruz; outros expressavam um largo sorrido ao vê-lo ressurreto. Pessoas caminhavam até 10 kms para conhecer a história de Jesus; muitos nos convidaram para também irem em suas aldeias, mas, continuarão lá, esperando pela revelação dos filhos de Deus. Nestes últimos 13 dias consecutivos, tivemos uma media de 600 pessoas em cada apresentação, expulsamos muitos demônios e muitos foram curados de varias enfermidades.
É tempo de chuvas, saíamos com chuva intensa, mas, onde “montávamos o nosso acampamento”, em todo derredor chuvia, mas nós conseguíamos ver as estrelas. Neste tempo as estradas são usadas apenas por trator, carros de bois ou cavalos. Para chegar a estes povoados atravessamos riachos e lagos de lama; por algumas vezes gastamos até duas horas para rodar 20 kms.
Mas, nada neste mundo e tão compensador quando em plena noite, (22.00 – 23.00 horas) famílias competiam, argumentando-se entre eles ou nos deixando livre para decidir para qual casa iríamos comer nossa última refeição. Em todas as aldeias se levantou famílias que não nos deixaram ir sem antes nos abençoar com suas apimentadas comidas.
Sempre eram muito especiais nossas últimas orações por estas famílias e por vários que se agregavam a nós na nossa despedida.
Os cento e vinte irmãos da Igreja em Bodtgaya, onde Ramesch é pastor, vêem destas e de outras aldeias, por onde também passamos.
Pela graça de Deus, na liderança do Charles Finney, estão congregados outros 130 irmãos, da região de Gaya, os quais também se reúnem nas casas, nestas aldeias. Debaixo da sua liderança tem outros 10 evangelistas, que vivem de tempo integral, os quais estão abrindo novas igrejas por onde temos ido. O alvo é que cada um destes 10 iniciem 5 novas igrejas nos lares nestes próximos 16 meses.
Pela graça de Deus, a casa Resgate de Bothgaya também é uma realidade, onde temos uma casa e um casal de indianos com 4 órfãos vindos destes contactos. Nosso alvo é cuidarmos de 30.
Na próxima carta escreverei acerca da assistência aos santos, da Igreja perseguida de Orissa, onde dezenas deles, pela graça de Deus, têm sido assistidos na área da saúde. Tenho tido o privilégio de também estar ali com eles e ser tremendamente renovado e avivado na minha fé por estes valentes guerreiros desta geração.
Ao ler esta carta, o Espírito de Jesus lhe levantará em vários e específicos pontos de intercessão por nós e por esta obra.
Juntos na extensão do Reino de Deus!!!
Robson Oliveira
Bradesco
Ag. 2212 / 8 (digito)
C/C. 3404 / 5 (digito)
Apos viajarmos 1 hora por uma boa estrada, entramos numa estrada ruim que dava acesso a algumas aldeias. Trinta minutos depois avistamos o nosso alvo. Mas, não havia como chegar com o carro e equipamentos. A solução foi entrar pelos campos e com as mãos ajudar a remover torrões, abrir caminhos improvisados, descer e subir lugares íngremes e acreditar no nosso valente “cavalo de aço”. Esta não era a nossa primeira aventura em fazer caminhos e pela graça de Deus, apesar de muitos perigos, não sofremos graves acidentes.
Chegamos. A noite estava muito quente e suávamos muito. De repente vimos tantas crianças que era difícil acreditar que pertenciam apenas aquela pequena aldeia. As pessoas pareciam ter vergonha de nós, não se aproximavam. Era 6:30 da noite e muitos estavam estirados em camas feita de cordas, esteiras, outros dormindo em chão batido. Todos estes estavam doentes; soubemos disto quando fomos orar por alguns.
Eram em extremo pobres, magérrimos, doentes, seminus, todos analfabetos, pareciam terem saído dum campo de concentração (note bem nas fotos). Ao darmos inicio ao filme ninguém sentou-se nas lonas que estiramos em frente ao telão. Apesar dos nossos apelos poucos vieram a frente, preferindo ficar assentados mais ao longe. Eram uns 300. O silêncio era total, e muito lentamente notei alguns tímidos sorrisos. Perto do final pareciam descontraídos e comentavam alguns episódios do filme.
Perguntei aos obreiros:
- Quantas oportunidades este povo teve de ouvir estas Boas Novas?
Ramesch foi enfático:
- Nunca antes ouviram falar de Jesus.
Perguntei novamente:
- Na sua avaliação, quantas vezes mais eles terão esta oportunidade de ouvir através de outros?
- Por certo irmão Robson, esta foi a primeira e será a última.
Sentei-me ao longe, tirei algumas fotos. Senti um pouco confuso, triste, frustrado por não poder dar seguimento aquele trabalho. Pois, tínhamos diante de nós outras 12 aldeias que esperavam ansiosamente pela nossa chegada.
Chamei num canto o meu amigo e disse-lhe: “Concordo com o que você disse, então temos que pregar abertamente, desafiá-los a aceitar a Cristo e crermos que o Espírito Santo cuidará deles”. Concluí repetindo o que está escrito em Rm 10:9,10,13: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentro os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Ramesch deu um sorriso de satisfação sabendo que para serem salvos não precisavam saber ler, nem serem conhecedores da Bíblia e, se outros não fossem ali novamente a decisão deles seria selada pela fé. Aquele seria o dia de muitos, único e histórico, que ecoaria por toda eternidade.
O suor que ensopava minha camisa e os malditos mosquitos que só escolhiam a mim para picar e perturbar, não foi capaz de tirar o meu intenso gozo no Senhor. Me revesti da alegria do senhor e de um profundo privilégio de ser um canal, uma ponte da graça e da misericórdia de Deus, para novos herdeiros do reino celestial.
Nas palavras finais, Ramesch os desafiou em aceitar, ou não, a mensagem da Cruz, foi exposto diante deles e, pela graça de Deus, minha dúvida é saber de alguém não O aceitou em seus corações.
Apesar de tanta pobreza, a generosidade que algumas destas famílias nos evidenciaram, foi em extremo abundante. Nos oferecerem o que tinham de melhor para comer; muito provável, aquela era uma oferta da viúva pobre. Com isto Deus foi glorificado em louvor e ações de graças.
No domingo que se seguiu alguns desta aldeias, levaram 2 horas para o encontro de todos os domingos na Igreja de Bodtgaya.
Dali, fomos em outras 12 aldeias, num arrastão de 12 dias seguidos.
Vi brigas de três líderes que disputavam no “berro”, onde o filme “Jesus” seria passado, cada um brigando por seu povo. Vi grupo de mulheres chorando quando Jesus foi levado para Cruz; outros expressavam um largo sorrido ao vê-lo ressurreto. Pessoas caminhavam até 10 kms para conhecer a história de Jesus; muitos nos convidaram para também irem em suas aldeias, mas, continuarão lá, esperando pela revelação dos filhos de Deus. Nestes últimos 13 dias consecutivos, tivemos uma media de 600 pessoas em cada apresentação, expulsamos muitos demônios e muitos foram curados de varias enfermidades.
É tempo de chuvas, saíamos com chuva intensa, mas, onde “montávamos o nosso acampamento”, em todo derredor chuvia, mas nós conseguíamos ver as estrelas. Neste tempo as estradas são usadas apenas por trator, carros de bois ou cavalos. Para chegar a estes povoados atravessamos riachos e lagos de lama; por algumas vezes gastamos até duas horas para rodar 20 kms.
Mas, nada neste mundo e tão compensador quando em plena noite, (22.00 – 23.00 horas) famílias competiam, argumentando-se entre eles ou nos deixando livre para decidir para qual casa iríamos comer nossa última refeição. Em todas as aldeias se levantou famílias que não nos deixaram ir sem antes nos abençoar com suas apimentadas comidas.
Sempre eram muito especiais nossas últimas orações por estas famílias e por vários que se agregavam a nós na nossa despedida.
Os cento e vinte irmãos da Igreja em Bodtgaya, onde Ramesch é pastor, vêem destas e de outras aldeias, por onde também passamos.
Pela graça de Deus, na liderança do Charles Finney, estão congregados outros 130 irmãos, da região de Gaya, os quais também se reúnem nas casas, nestas aldeias. Debaixo da sua liderança tem outros 10 evangelistas, que vivem de tempo integral, os quais estão abrindo novas igrejas por onde temos ido. O alvo é que cada um destes 10 iniciem 5 novas igrejas nos lares nestes próximos 16 meses.
Pela graça de Deus, a casa Resgate de Bothgaya também é uma realidade, onde temos uma casa e um casal de indianos com 4 órfãos vindos destes contactos. Nosso alvo é cuidarmos de 30.
Na próxima carta escreverei acerca da assistência aos santos, da Igreja perseguida de Orissa, onde dezenas deles, pela graça de Deus, têm sido assistidos na área da saúde. Tenho tido o privilégio de também estar ali com eles e ser tremendamente renovado e avivado na minha fé por estes valentes guerreiros desta geração.
Ao ler esta carta, o Espírito de Jesus lhe levantará em vários e específicos pontos de intercessão por nós e por esta obra.
Juntos na extensão do Reino de Deus!!!
Robson Oliveira
Bradesco
Ag. 2212 / 8 (digito)
C/C. 3404 / 5 (digito)